domingo, 31 de maio de 2009

Bom dia!

Chegará um dia em que procuras a tua imagem no espelho e ela não está lá. No seu lugar vês escrito em batom ordinário: - Parti! Perguntas -te que sentido faz... tanto alarido para quê? Se não está lá é evidente que partiu, para quê sujar de batom um espelho? Nenhuma informação adicional, não ficaste a saber mais do que já sabias: a tua própria imagem abandonou-te, fartou-se de ti, da busca matinal da borbulha que sobreviveu a adolescência e que te anuncia a menstruação. Não suportava mais o teu arregalar de olhos matinal, em busca da clareza de ideias que nunca tiveste e nunca encontraste depois de uma noite de sono. Fartou-se, partiu. O espelho perdeu a sua função, a sua razão de ser espelho, focas agora a tua atenção na balança de alta precisão. Todas as manhãs vais ver se aqueles 21 gramas que te restam ainda não te abandonaram, olharás o espelho vazio e sentir-te-às viva... ou isso.