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Engoli um analgésico, peguei na
última nota de vinte euros e pintei-me de modo a tapar todo o esforço que
estava a fazer. Se uma amiga faz anos e me convida, é importante para mim não
lhe faltar. Eu ficaria triste se me faltassem sem um bom motivo, principalmente
se ninguém aparecesse como eu suspeitava que lhe iria acontecer.
Amigos são
assim, às vezes não conseguimos suportá-los, não temos pedalada para as mesmas
coisas… às vezes magoam-nos. Mais tarde percebemos que provavelmente não
estamos isentos de culpa e lembramo-nos da importância da amizade, da gestão da
imperfeição de todos nós, procuramos um equilíbrio, mesmo que frágil.
Conversámos, conversámos sobre
temas inócuos, até que, inevitavelmente chegámos ao tema “amizade”. É aqui que
quero chegar. E arrependo-me, arrependo-me de ter ouvido a opinião dessa amiga,
que me diz que para ela as amizades passam, são temporárias, puf… acabam e não
quer mais saber disso, os amigos vão e vêm…
Que homens me digam que não
querem nada mais que uma curta aventura, ou que o façam entender, que depois
cada um vai à sua vida… a isso não só já me habituei como me tornei adepta. Mas
com uma mulher, uma amiga, ou que julgava eu ser amiga, pergunto-me, qual é o
objectivo? O que estou ali a fazer? É que nem sequer uma contrapartida sexual está
em questão…
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