sábado, 29 de novembro de 2014

em vão

...

finalmente fugi
corri dia e noite
vestida de sombra
escondida
tão escondida de mim
do mundo

só uma lágrima se recusou secar
brilha ainda
no fundo do meu olhar
dá-me de beber 
e à dor

seca-me a pele
salga-me o grito 
estrangula esta angústia contida

como que tem garras
como que tem uma força imensa
um olhar raiado de sangue

bebe o meu último fôlego
despedaça - me os sonhos
até mais nada sobrar

os estilhaços são projectados
sem alvo
sem destino concreto

quem sabe,
para a estratosfera

quem sabe, 
para lado nenhum

de mim
só 
o sal da lágrima

e os sonhos vazios

...