sábado, 19 de janeiro de 2008
A dor (in)visivel
A nossa dor doi mais quando não encontra um rosto em que se espelhe. Dói ainda mais quando vê alegria, quando todos te desejam um dia especial. Os supermercados estão cheios, os carrinhos levam coisas especiais para casa, para festejar um dia especial. Olhas para ti e o que vês é dor... Só consegues distrair a dor pensando se os que se encontram na fila da caixa têm noção de que afinal, todos mereciamos que todos os dias os carrinhos de compras fossem recheados com tanto cuidado. Cada peça que lá se encontra foi colocada com um único pensamento: É um dia especial, pois que haja do melhor! Um dia não são dias!
Ninguém tem pressa de dormir... de copo na mão todos fazem tempo e esperam que o relógio marque o momento da explosão de todas as alegrias que não foram reveladas durante o ano.
O Chico não esperava pela meia-noite. Levantava-se do sofá, em passos largos e calmos, como os ponteiros do relógio, abanando os braços para trás e para a frente anunciava: - Cá o Chiquinho vai-se deitar. Muito boa-noite e bons sonhos! - Dizia-o com um sorriso trocista, dirigia-se ao quarto com tranquilidade e deitava-se com gosto.Acredito que se ficasse a rir de nós...
Foi sempre assim e ha-de ser sempre assim. O Chiquinho não esperou pela meia-noite, despediu-se com o seu sorriso trocista e todos os dias o recordo com carinho e admiração: Pai.
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