terça-feira, 12 de novembro de 2013

aconchego

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Dei várias voltas ao bairro. E à cabeça. Pisei calçada e cascalho. 

O corpo cansou-se.

Por vezes uns sobressaltos, como se uma bateria pedisse para ser recarregada. 

Umas luzes a brilhar na noite escura, por breves instantes. Podiam ser estrelas. Podiam brilhar há milhões de anos atrás. Só agora as vejo, nada me garante que ainda lá estejam. 

O Universo não passa de um bolo de aniversário, cheio de velas desengonçadas, mas persistentes. Não basta um sopro para as apagar. As suas chamas sobrevivem aos perdigotos cuspidos, aos dedos que as apertam. 

Cheiram a pavio queimado. Cheiram a baunilha. 

Chego a casa. Não está iluminada. 

Fria, desabitada. 

Acendo as luzes, tomo um banho quente. Lavo o corpo, lavo a alma. 

Arregaço as mangas e vou para a cozinha. Preparo um bolo. Outro bolo. Um bolo novo. De chocolate. 

Abro as janelas, estico os braços e apanho uma mão-cheia de estrelas. 

Não me faltarão velas.

...

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