domingo, 28 de fevereiro de 2010
I'm your private dancer
Pele de louça dourada, num demi plie eterno, feita de uma só peça, a pequena saia branca em tule, era a bailarina mais rigida no mundo, desprovida de movimento. Voltas e reviravoltas naquelas mãos de menina eram a sua coreografia.
A sua imagem reflectia - se no verde do olhar da menina, levantava -se o pano, o pequeno coração dava as pancadas que a anunciavam, a bailarina ganhava vida à boca de cena. O brilho das estrelas iluminava o seu rosto de louça, sorria, dançava, viajava no vento para além do palco que era a imaginação de criança.
A menina cresceu, partiu-se em cacos a bailarina, a saia de tule rasgou-se, desfez-se em fios.
A mulher recolhe os pedaços, passa a vida a moldá-los, a procurar a forma, o jeito do demi plie. Dos fios fez um novelo, eternamente tece de novo a pequena saia. Onde pára agora a coreografia de ternura e magia? Faz-se num dedilhar de poeta...
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