terça-feira, 21 de junho de 2011

Sonho entre sonos

...
Existe um sonho entre os sonos, nele vivo num circo sem feras. Sou trapezista
e não há rede. Tenho público e silêncio, suspenso pelo instante seguinte.
Na arena brincam os palhaços, tocam os músicos, rufam tambores. Agarro a corda,
vai levar-me ao outro lado, ou quebrar-me. Já não dançam as bailarinas e os
músicos páram de tocar. Olho o público. No sonho que sonho entre os sonos,
encontrarei o teu olhar? Saberás que é dele que preciso para voar? Estará este sonho
a acabar? Fecho os olhos e mergulho, não encontro o fundo mas... vejo-me noutro sono.
Uma amálgama de carne e ossos fica estatelada na plateia, as luzes fogem do local,
os músicos afinam os instrumentos, as vozes afinam-se - Dá-me um Lá! O espectáculo não pode parar,
e eu procuro outro sono onde me possa refugiar. Saio à rua, fresca, de banho tomado. Passo pela
florista:- Menina, hoje chegaram margaridas! Aceno e agradeço.
Ainda antes de acordar me lembrei do som que fez a jarra ao quebrar.
...

Sem comentários: