sábado, 25 de setembro de 2010

Além ou os cogumelos mágicos

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Um dia o espelho cansou-se de esperar uma imagem que pudesse reflectir. Ganhou vida, tornou-se maleável, descolou-se da parede e percorreu toda a casa. Absorveu todas as imagens que encontrou, a casa deixou de existir, viu-se no meio da cidade. Numa corrida louca e trôpega de anos de inércia, percorreu a cidade, absorveu todas as pessoas por quem passou, os edifícios, os carros, o asfalto, pontes e barcos. Deu por si sem fôlego, debruçado sobre o mar... estava "onde a terra se acaba e o mar começa", a medo espreitou a linha do horizonte. Bastou para a absorver e quebrar por fim. Em mil pedaços tombou sobre as ondas iradas e fez-se areia levada pelas marés. Ninguém conseguiu explicar como ficou a imagem depois desse dia... sem horizonte.
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1 comentário:

Ricardo Lopes Moura disse...

se o espelho não se tivesse quebrado, seria curioso assistir a esse duelo de titãs: o espelho a reflectir o mar e o mar a reflectir o espelho.

eu acho que o espelho não se partiu e que espelho e mar se abraçaram. e desde então o espelho se distrai a reflectir as marés, a fauna e a flora do oceano, e que nunca mais se aborreceu.