segunda-feira, 23 de abril de 2012

...


Foi longa, a caminhada. Fui beijada por ervas rasteiras, verdejantes, ainda molhadas pelo orvalho da madrugada. Andei a passos largos, enquanto pude. Decidida. Deixei cada passo marcado na terra escura, fértil, molhada. O caminho levou-me a solo arenoso. Eram cactos que agora me arranhavam os tornozelos. Tudo estava árido em volta. Os passos perderam o vigor, a agilidade. Deixaram de ficar marcados sobre a areia. Impossível aprender o caminho de volta. Sem volta. Sem retorno. Agora era rocha o que eu pisava. Em breve seriam algas a roçar-me o corpo. A caminhada deixou de se fazer. Tornei-me sal.


...

Sem comentários: