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Percorreu todo o cais, perto do rio, sorrindo, ajoelhou. Chegou tão perto do fim do cais quanto lhe foi possível. Esticou-se até tocar com a palma da mão nas águas em movimento. Ficou nessa posição, incomoda, de servidão. As águas iam e vinham. Umas vezes nem lhe tocavam a mão, outras envolviam-na e acariciavam-na, lânguidas e mornas. Manteve a mão firme, na distância que lhe foi humanamente possível manter. Até se sentir cansada. Até se sentir ridícula naquela posição. Humilhada pela indiferença das águas, pelo seu vai-vem constante e indiferente. Sem deixar de sorrir, deixou-se afundar lentamente. Não foram as águas que a levaram.
- E se eu for ao fundo?
- Ninguém te irá buscar!
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