sexta-feira, 11 de maio de 2012

homem sol



Numa dança de papel de rebuçado lançado ao vento, aos tropeções por entre sapatos e sandálias apressadas, 
deu por si debaixo do Homem Sol.
Tanto que desejou conhecer o Homem Sol! 
Pois ali estava: grandioso. 
Rodopiou por entre os seus pilares, experimentou a sua força.
Impossível demovê-lo. 
Impossível levá-lo consigo para casa. 
Sentou-se no centro. 
Queria fazer parte do eixo daquela imagem. 
O Sol estava para ficar, quente, brasa gigante incandescente. 
Sentiu o corpo a arder, o cérebro em ebulição. 
Ouviria pulsar? 
Seria o seu próprio coração transbordante de vermelho? 
O pulsar tornou-se mais forte, aproximou-se em velocidade alucinante. 
O som... ensurdecedor, lembrança de ventre materno. 
A pele ganhou a cor da estátua em que se abrigava. 
Os membros derreteram. 
Os braços, asas de celofane. 
Veio de novo o vento, na vertigem do pulsar, levou o papel de rebuçado, levou o som, levou o Homem Sol, levou o Rio. 
Deixou lágrimas derramadas no  chão onde nasceu um novo Mar.

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