Numa dança de papel de rebuçado lançado ao vento, aos tropeções por entre sapatos e sandálias apressadas,
deu por si debaixo do Homem Sol.
Tanto que desejou conhecer o Homem Sol!
Pois ali estava: grandioso.
Rodopiou por entre os seus pilares, experimentou a sua força.
Impossível demovê-lo.
Impossível levá-lo consigo para casa.
Sentou-se no centro.
Queria fazer parte do eixo daquela imagem.
O Sol estava para ficar, quente, brasa gigante incandescente.
Sentiu o corpo a arder, o cérebro em ebulição.
Ouviria pulsar?
Seria o seu próprio coração transbordante de vermelho?
O pulsar tornou-se mais forte, aproximou-se em velocidade alucinante.
O som... ensurdecedor, lembrança de ventre materno.
A pele ganhou a cor da estátua em que se abrigava.
Os membros derreteram.
Os braços, asas de celofane.
Veio de novo o vento, na vertigem do pulsar, levou o papel de rebuçado, levou o som, levou o Homem Sol, levou o Rio.
Deixou lágrimas derramadas no chão onde nasceu um novo Mar.
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