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Era uma vez um Lugar Onde Viviam Todas As Pessoas Sós. O lugar não tinha nome, pensa-se até que não ficava em sítio nenhum... nunca ninguém falou sobre isso.
Nesse Lugar, imperava o silêncio, não se ouviam vozes, risos, canções. Por outro lado também não se ouviam discussões. Ouvia-se chorar, sim, chorar ouvia-se, ao cair da noite. Quando o lusco-fusco espreitava, soltavam-se as primeiras lágrimas. Pela noite dentro, o choro invadia as ruas. Através do choro, os habitantes daquele Lugar sabiam identificar o grau de solidão de cada um, adivinhavam quanto tempo mais viveria o dono ou a dona daquele choro. Desse modo, iam sabendo que casas iam ficando livres à sua volta e mudavam-se, em silêncio. Estavam em constante mudança, sem nunca saírem dos limites do Lugar Onde Vivem Todas As Pessoas Sós e continuavam sós. Nunca se lembraram que ali ao seu lado, existia outra pessoa só, nunca se lembraram que se um dia tivessem a coragem, deixariam de estar sós. Bastaria um olhar, um sorriso... Foi assim, vazios de olhares, vazios de sorrisos, que uma noite morreram todos os habitantes do Lugar Onde Viveram Todas As Pessoas Sós.
E nunca mais se pensou sobre isso.
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