Faço a minha vida num corredor de portas entreabertas, de espelhos ausentes de imagens que se projectam a si mesmos, vazios.
O som dos meus passos ecoa pelo corredor, em direcção ao sitio onde pairam todos os sons não alcançados pelo ouvido humano.
Estarei a meio do caminho? Nunca o saberei. Chegou a hora de fechar as portas que deixei para trás, entreabertas. Não abrem, não fecham, delas nunca nada saiu nem nunca nada entrou. Apenas estão entreabertas porque são portas, foram criadas para isso, não para que eu as transpusesse.
Não, aquelas portas não são para mim. Foram apenas um vislumbro do mundo a que eu gostaria de ter pertencido. Delas saem vozes, luzes, gargalhadas, música e aplausos.
Algumas quase transpus, ilusão de óptica num corredor de vida monótono e repetitivo.
Outras desejei tanto transpor que me tornei ridícula.
Baixo o olhar e fecho-as, sei que não voltarão a entreabrir-se. O corredor que me resta é feito de portas fechadas.
1 comentário:
Das portas fechadas se fazem abertas.
E das que que ficaram para trás luzidias e coloridas... nem sempre "o mau tempo que faz dentro nem sempre é tão bom de fora"....
LL
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