sábado, 22 de maio de 2010
Agramonte
Passeava como quem foge da crueldade do erro que me levara àquela cidade, no cemitério de Agramonte. Procurava os meus, sabendo que não era ali que os encontrava. Passeava em passo de corrida, deixando para trás flores de plástico, velas derretidas, fotos desbotadas, frases de saudade eterna. Pisava o chão como quem pisa a própria vida, até me deixar tombar sobre a sepultura mais abandonada, nome apagado, coberta de terra tão seca que quase se abria. Ajoelhava e acariciava a gata preta e branca de ventre cheio de vida, sentinela daquele espaço abandonado. O guarda percorria os corredores de silêncio, informando que estava na hora de fechar, era necessário sair. Atormentava-me a dúvida, seria para mim que falava? - Vamos lá menina! E eu agradecia a informação - afinal não era desta vez que eu ficava.
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