quinta-feira, 6 de maio de 2010

Amigos! Fechou a feira! Podem partir, lambuzados de algodão doce, peganhentos de açucar e tontos de música de realejo. Vejo um, de rabo gordo, a fugir, ainda lambendo os dedos e olhando de soslaio a barraca dos tiros. A mulher oxigenada de espingarda na mão, fazendo uma bola de pastilha, aconchega as mamas no decote. Vão levar o corpo à terra. Já estão prontos os palhaços, com torrões de terra para atirar ao caixão de pinho. As trapezistas abraçam as flores que irão lançar graciosas. Na barraca da ginginha, emborco mais uma ou duas, vai ser muito tempo sem sol, uma cova espera por mim. Abraço os meus amigos deixando no ar o bafo a alcool. Quem não sabe diz que é cheiro de cadáver. Aos tombos lá vou, os coveiros esperam com ar revoltado a quebra da tolerância de ponto pela visita do Papa. - O pessoal não tem dia para morrer e o cheiro não se aguenta.

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