sábado, 9 de julho de 2011

da crueldade do silêncio

Soneto da separação (Vinicius de Moraes)

"De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.


De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente."


Não há alcóol que desinfecte a ferida de ver distante o amigo próximo... nem sonho que devolva o que já partiu. Não há grito que abafe o silêncio da dor.
 
Que se abra a terra e se apaguem as estrelas!

Que chovam rochedos e se desfaçam os nós!

Que se removam os destroços e esqueçam as promessas!

Por fim, calem-me, cubram-me com uma manta velha e deixem-me vaguear .

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