...
A campainha toca e eu estou ainda meia despida. Abro e espero. Ninguém. Vou para o banho. Estou apenas meia vestida quando toca de novo a campainha. Abro e espero. Ninguém. Deixo-me cair sobre a cama meia desfeita. Completamente desfeita estou eu. Vivo a vida meia vestida, meia despida. Abro a porta sempre que tocam à campainha. Nunca é ninguém. Neste ponto digo-me: " - Alguém anda a brincar contigo. Para a próxima não abras." Mas pergunto-me... e se de nunca a abrir me esqueço um dia que tive uma porta que podia ser aberta? As paredes acabarão por me deixar meia esmagada, meia despida, a meio caminho de uma janela com vista para o rio...por fim meia morta, porque agora estou meia viva.
...
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
...
Antes sequer de formar uma letra, risco, risco, risco, até se tornar claro o ruído do bico da caneta a raspar o papel. Não me interessa se a tinta é preta, se o papel é azul ou branco. Quero ouvir o raspar do bico da caneta no papel. Rasga-se a folha, não aguentou a força e a raiva contida na escrita que nunca o foi, nem palavra, nem letra, nem rabisco. Atiro a caneta contra a superficie dura da mesa, faz ricochete e cai ruidosamente no chão. Piso-a, esmago-a, não vá ela ganhar vida e escrever o que lhe vai na alma. Amachuco o papel, a folha fica amassada, uma bola que atiro contra o espelho partido. Mais uns estilhaços caem, ainda sobram uns tantos para outras expressões de raiva ou descrença. Fica o silêncio, contado pelo ponteiros do relógio desacertado. Não conto o tempo, não conto o tempo que passou, não conto o tempo que falta para um qualquer número redondo destinado a contar o tempo que te levou... que me levará a ti... que não me responde por que já te não tenho.
...
Antes sequer de formar uma letra, risco, risco, risco, até se tornar claro o ruído do bico da caneta a raspar o papel. Não me interessa se a tinta é preta, se o papel é azul ou branco. Quero ouvir o raspar do bico da caneta no papel. Rasga-se a folha, não aguentou a força e a raiva contida na escrita que nunca o foi, nem palavra, nem letra, nem rabisco. Atiro a caneta contra a superficie dura da mesa, faz ricochete e cai ruidosamente no chão. Piso-a, esmago-a, não vá ela ganhar vida e escrever o que lhe vai na alma. Amachuco o papel, a folha fica amassada, uma bola que atiro contra o espelho partido. Mais uns estilhaços caem, ainda sobram uns tantos para outras expressões de raiva ou descrença. Fica o silêncio, contado pelo ponteiros do relógio desacertado. Não conto o tempo, não conto o tempo que passou, não conto o tempo que falta para um qualquer número redondo destinado a contar o tempo que te levou... que me levará a ti... que não me responde por que já te não tenho.
...
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Solsticio de Inverno ou a Festa dos Loucos ou o Natal
...
A noite mais longa chegou por fim. Fadas e duendes dançaram à luz da lua. Fez-se uma fogueira e aqueceram-se os corpos. Dançou-se sem descanso numa noite sem fim. Foi assim o principio, os loucos tomaram o poder e inventaram um novo inicio: a esperança de uma vida nova. Homens e mulheres trocaram as vestes e os sexos, dançaram com os loucos, beberam com os centauros e os unicórnios. Quando a noite sem fim chegou ao inicio de um novo principio, apagaram a festa, dormiram no chão e acordaram no esquecimento.
...
A noite mais longa chegou por fim. Fadas e duendes dançaram à luz da lua. Fez-se uma fogueira e aqueceram-se os corpos. Dançou-se sem descanso numa noite sem fim. Foi assim o principio, os loucos tomaram o poder e inventaram um novo inicio: a esperança de uma vida nova. Homens e mulheres trocaram as vestes e os sexos, dançaram com os loucos, beberam com os centauros e os unicórnios. Quando a noite sem fim chegou ao inicio de um novo principio, apagaram a festa, dormiram no chão e acordaram no esquecimento.
...
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
...
Comprei-me flores esta manhã, cheiro de ti
sonhei-te nu esta noite, comigo
sonhei-te nesta cama, ela sabe-te
o sabor dos teus contornos, teu corpo
comprei-me flores esta manhã, cheiro de ti
desejei-te mais de mil vezes, nos meu braços
desejei-te dentro da minha roupa, quente
o cheiro de ti abrindo caminho na carne
comprei-me flores esta manhã, nascidas de nós
...
Comprei-me flores esta manhã, cheiro de ti
sonhei-te nu esta noite, comigo
sonhei-te nesta cama, ela sabe-te
o sabor dos teus contornos, teu corpo
comprei-me flores esta manhã, cheiro de ti
desejei-te mais de mil vezes, nos meu braços
desejei-te dentro da minha roupa, quente
o cheiro de ti abrindo caminho na carne
comprei-me flores esta manhã, nascidas de nós
...
sábado, 18 de dezembro de 2010
... ...
Pois que se faça o Sol e o Vento
e que se varra o lixo das ruas
Pois que se ofereçam laços e papéis
e se embrulhem as crianças nuas
Pois que se esvaziem os hospitais e se pinte uma Noite
e se faça uma estrela com pedaços de pincéis
Pois que se aqueça a cama de papelão e Esquecimento
e se sirvam sopas e melodias
Pois que me deixem gritar bem alto o Lamento
e me calem com sonhos e azevias
... ...
sábado, 11 de dezembro de 2010
Paris, je t'aime!
...
Meu amor
Meia mentira, meia verdade
não és meu... amor
és o segredo da liberdade
Meu amor,
Meia mentira, meia verdade
és o amor, o que sabemos de cor
largado no areal pela tempestade
Meu amor
Meia mentira, meia verdade
és amor, migalha levada no vento
vagabundo inventado da minha cidade
...
Meu amor
Meia mentira, meia verdade
não és meu... amor
és o segredo da liberdade
Meu amor,
Meia mentira, meia verdade
és o amor, o que sabemos de cor
largado no areal pela tempestade
Meu amor
Meia mentira, meia verdade
és amor, migalha levada no vento
vagabundo inventado da minha cidade
...
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Espelho meu
...
Hoje o espelho nada reflectiu. Deixou-se ficar ali, a olhar para mim, sem que eu pudesse retribuir o olhar. Vazio, o espelho. Atrevi-me a tocá-lo, as pontas dos dedos. Gelado, o espelho. Ali, derramei as lágrimas contidas numa vida. Salgado, o espelho. Ali, gritei as dores que me corroem a alma. Estilhaçado, o espelho.
...
Hoje o espelho nada reflectiu. Deixou-se ficar ali, a olhar para mim, sem que eu pudesse retribuir o olhar. Vazio, o espelho. Atrevi-me a tocá-lo, as pontas dos dedos. Gelado, o espelho. Ali, derramei as lágrimas contidas numa vida. Salgado, o espelho. Ali, gritei as dores que me corroem a alma. Estilhaçado, o espelho.
...
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
sábado, 4 de dezembro de 2010
a dor de cor
...
... hoje acordei com o grito do silêncio
Era uma voz muda na solidão
uma cama vazia de corpos em turbilhão
Era a ausência, a falta de ar
E o meu corpo quebrado, a gelar
...hoje acordei sabendo a dor de cor
...
... hoje acordei com o grito do silêncio
Era uma voz muda na solidão
uma cama vazia de corpos em turbilhão
Era a ausência, a falta de ar
E o meu corpo quebrado, a gelar
...hoje acordei sabendo a dor de cor
...
Subscrever:
Mensagens (Atom)