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trucidado
apodrece o corpo
________________não morre assim
jaz sobre os carris
em espasmos febris
não se despede da vida
_________________não abraça a morte
apodrece
fede de memórias
_________________escarro de vagabundo
ossos e sangue
amalgama de dor
__________________outrora campo de flores
em tempos toque de cetim
corpo entrelaçado em ternura
__________________ partiu num engasgo
de amargura
na rouquidão de um orgasmo
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sábado, 31 de março de 2012
sexta-feira, 30 de março de 2012
"Do Amor" ou "Postas de Pescada" (com arroz de feijão)
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O Amor não se define, caso contrário, após tantas tentativas, já alguém o teria feito antes de nós.
O Amor não se define, caso contrário, após tantas tentativas, já alguém o teria feito antes de nós.
Seria simples: bastava decalcar o Amor e aplicá-lo onde e em quem nos apetecesse. No entanto, essa simplicidade seria relativa, dado que teríamos sempre que fazer uma Escolha.
As Escolhas baralham-nos a vida. Por vezes perdemos mais tempo na Escolha do que no Amor. Isto porque, repito, o Amor não se define... o Amor É, e pronto.
Em relação à Escolha, são dois que o fazem, nunca um só...Para complicar mais ainda, só se sabe que a Escolha foi feita quando acontece, como que por magia.
E a magia? Existe? Deixa-se acontecer... E tem que ser complicado?
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quarta-feira, 28 de março de 2012
morrendo
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Chega um dia em que nos apercebemos que não nos lembramos do último beijo que recebemos.
É o dia em que o mundo desaba sobre nós e perdemos a coragem.
Não me lembro...não me lembro...
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Chega um dia em que nos apercebemos que não nos lembramos do último beijo que recebemos.
É o dia em que o mundo desaba sobre nós e perdemos a coragem.
Não me lembro...não me lembro...
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terça-feira, 20 de março de 2012
equinócio
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a escuridão da noite colou-se às paredes em volta
as paredes tombaram sobre mim, esmagando o corpo, despedaçando a alma
fiquei presa no escuro, escombro de mim mesma, gemendo de frio e dor, até amanhecer
os primeiros raios de sol esquivaram-se pelas frestas abertas
já o sangue deixou de fluir e fez-se ferida sarada
flores brotaram das paredes cinzentas
bastaram duas lágrimas de chuva
a sua majestade destruiu o que restava das paredes bolorentas
fizeram-se pó, as paredes
e eu
a mim levou-me o vento
as flores
fizeram-se margaridas, papoilas e girassóis
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a escuridão da noite colou-se às paredes em volta
as paredes tombaram sobre mim, esmagando o corpo, despedaçando a alma
fiquei presa no escuro, escombro de mim mesma, gemendo de frio e dor, até amanhecer
os primeiros raios de sol esquivaram-se pelas frestas abertas
já o sangue deixou de fluir e fez-se ferida sarada
flores brotaram das paredes cinzentas
bastaram duas lágrimas de chuva
a sua majestade destruiu o que restava das paredes bolorentas
fizeram-se pó, as paredes
e eu
a mim levou-me o vento
as flores
fizeram-se margaridas, papoilas e girassóis
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quinta-feira, 15 de março de 2012
Beijos e Abraços
Noite agitada de dor e insónia. Chega a manhã e desisto. Fujo, escondo-me do absurdo que me espreita e aguarda, contando cada minuto em que me atraso. Um desconhecido debruça-se sobre o meu esconderijo, algo familiar nele... Olhou-me nos olhos assustados e perguntou-me: - Tens algo que te pertença e perdure a ti mesma? Fixei a sua camisa negra. Quereria ele saber se tenho casas, carros, depósitos a prazo? Achar-me-ia imprudente. - Não, não tenho. Segurou-me a mão, com força: - Tens algo que te pertença e te perdure? Lembrei-me dos meus filhos, olhei-o e disse-lhe em silêncio: Os meus filhos perdurarão, mas não me pertencem! - Então, o que tens tu, Ana? - Nada! Respondi. - Isso basta-te? Responde, Ana, isso basta-te? - Basta! Respondi num grito de dor rasgada. O desconhecido pegou-me na mão, abraçou-me, balbuciando: - Temos tempo, este abraço só acaba quando te bastar. Atravessámos o longo jardim, nesse abraço. Chegados à cidade, procuro beijá-lo. O desconhecido evita-o: - Não, Ana, só um abraço. Beijos não te pertencem. E pergunto: algum deles perdurará?
domingo, 11 de março de 2012
é tempo
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Está-me cravada na carne
A foice
Com que abandono a feira
A meio da dança das bruxas
No rodopio do carrossel
Abafem o cheiro a fritos
E algodão doce
Tragam-me jardins
Cubram-me com um manto quente
De sol
Ofereçam-me a migalha
De pão mole
Sabem a onda que anseio
Larguem-me ali
No final do passeio
Fechem-me os olhos
E toquem guitarras
Cantem em surdina
E batam palmas
Eis que parte quem queria ser tudo
De mãos dadas com o palhaço
Como no cinema mudo
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