domingo, 11 de novembro de 2012

cruzar os braços

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Vestiu-se sem cor. Lá fora, o dia não amanheceu, tudo estava como na noite anterior. Afinal, tanto barulho, tanto vento e tanta chuva que caiu sobre a cidade... tantos panos negros cobriram os edifícios e as pessoas... e todos estavam nos mesmos lugares, apenas rasgados.
Rasgou-os a fúria do vento, a inevitabilidade da chuva e as lágrimas de angústia por entre gritos de revolta... palavras de ordem desprovidas de esperança.
Agora, a cidade amanhecia lenta e muda. A falta de pão era a mesma do dia anterior, a falta de liberdade dissimulada da mesma maneira.
Nos rostos estava desenhada a traços de bofetadas, a humilhação de não ter pão, a culpa que uns esculpiram nas almas de tantos.
A cidade era habitada por um povo agrilhoado em si.

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