quarta-feira, 17 de abril de 2013

voando

...

A pequena ave acordou com a voz do vento.
Segredava-lhe:
- Voa!
Deu umas tantas piruetas no ar.
Depois, o vento uivou:
- Mais longe!
Engoliu em seco, engoliu o coração que se preparava para saltar.
Atreveu-se a olhar mais longe.
- Mais longe!
E viu rochedos imponentes.
- Mais longe!
E viu mar.
- Mais longe.
E viu céu.
A pequena ave fechou os olhos e sem medo voou.
Voou mais longe!
Rumo ao horizonte.
Naquela linha não sabia o que ia encontrar,
se céu, se mar.
O vento levava-a ao som da palavra:
- Voa!
Para trás ficou o ninho,
a pequena aldeia de casas brancas.
Suspirou sem saudade.
Mergulhou no horizonte.
O céu engoliu o mar,
E o mar engoliu a terra,
Apagou-a da memória dos homens,
das casas, dos quintais,
dos risos distantes.

Agora só se lembra das janelas
que deixou
abertas.

...

Sem comentários: