domingo, 27 de julho de 2014

crónica da descartabilidade heterossexual

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Engoli um analgésico, peguei na última nota de vinte euros e pintei-me de modo a tapar todo o esforço que estava a fazer. Se uma amiga faz anos e me convida, é importante para mim não lhe faltar. Eu ficaria triste se me faltassem sem um bom motivo, principalmente se ninguém aparecesse como eu suspeitava que lhe iria acontecer. 
Amigos são assim, às vezes não conseguimos suportá-los, não temos pedalada para as mesmas coisas… às vezes magoam-nos. Mais tarde percebemos que provavelmente não estamos isentos de culpa e lembramo-nos da importância da amizade, da gestão da imperfeição de todos nós, procuramos um equilíbrio, mesmo que frágil.
Conversámos, conversámos sobre temas inócuos, até que, inevitavelmente chegámos ao tema “amizade”. É aqui que quero chegar. E arrependo-me, arrependo-me de ter ouvido a opinião dessa amiga, que me diz que para ela as amizades passam, são temporárias, puf… acabam e não quer mais saber disso, os amigos vão e vêm…

Que homens me digam que não querem nada mais que uma curta aventura, ou que o façam entender, que depois cada um vai à sua vida… a isso não só já me habituei como me tornei adepta. Mas com uma mulher, uma amiga, ou que julgava eu ser amiga, pergunto-me, qual é o objectivo? O que estou ali a fazer? É que nem sequer uma contrapartida sexual está em questão…

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