terça-feira, 23 de setembro de 2014

nu é

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Uma madrugada, ainda nua, abri a janela e libertei O corvo.
Vi-o afastar-se no horizonte, até não ser mais que um ponto negro, até ser nuvem, sombra dos dias.
Não voltou para mim.
Vários o têm visto, dizem que continua negro, as suas penas brilhando ao sol, grasnando altivo: - Não preciso mais de ti. Não precisas mais de mim. Não tenho que voltar. Sou livre!
Sem esperar pelo seu regresso impossível, sem uma lágrima, vesti-me no meu vestido branco, saí.
E também não voltei. Não cantei, não gritei. Vestida, sou nua. Em silêncio. Sou livre!

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