sábado, 28 de agosto de 2010

Ab sinto absurdo

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Não existo. Decidi que não existo, isso deve bastar para deixar de existir. Deixei de me reconhecer na imagem reflectida no vidro da janela do comboio que me levou para o exilio. Começo a sentir os efeitos de não existir: pois se não oiço, pois se não sou ouvida. Respiro o silêncio e fere-me o peito como lâminas. Aqui, no exilio, não há mais som nem silêncio, não há. É tudo! Enrolam-me as ondas negras de morte e levam-me, num comboio fantasma, povoado de fantasmas e... sombras. Na carruagem da frente vai o meu passado. Na carruagem de trás, como mercadoria de segunda, vai o meu futuro. Será deitado fora na próxima paragem. Eu... simplesmente porque já não existo, vou na carruagem do meio. Bastou-me decidir que não existo: pois se não vejo, pois se não sou vista.
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1 comentário:

Ricardo Lopes Moura disse...

o lugar ao seu lado está ocupado?